quinta-feira, 7 de julho de 2016






ERINALDO CIRINO, DESENHOS



JOGOS E LABIRINTOS

Por Alberto Amaral

A série de obras do artista paraense Erinaldo Cirino, expostas no Atelier do Porto, opera um jogo de tensões entre o Real e o Simbólico. Para tanto, vale-se dos espelhamentos, do duplo, que possibilita ao artista desvelar as margens desse abismo expressivo - ele nos deixa lá, sem conclusão. As imagens movimentam-se em torno do vazio, espaço negativo do Real. Trabalha com a destruição daquilo que ele próprio construiu, tensão consciente/inconsciente, cujo efeito é o do túnel: destrói para construir. Em Jogos e labirintos o artista nos apresenta situações ordinárias que se tornam extraordinárias graças a mecanismos que terminam sempre em abismos. São imagens que fazem o observador questionar o que nunca tem apenas uma única resposta possível. Se pensarmos no que existe na natureza e no que existe na imaginação, como duas partes de um mesmo arquivo, o mecanismo utilizado por Cirino nos remete ao “Bestiário” de Julio Cortazar, promovendo uma reorganização, um embaralhamento sutil dos arquivos, de maneira que algumas peças fiquem deslocadas de sua classificação. O resultado é um bestiário que se constrói impulsionado por seu inconsciente, nos apresentando uma realidade de que lhe É - movimento com que Cirino vai de uma parte a outra do arquivo sem que a transição seja aparente, ou encontre um paralelo. Suas imagens remetem o observador para dentro de si em busca do que complemente sua narrativa deixada em aberto, faz com que o espectador experimente o jogo: vazio que o olha; vazio que de certa forma nos constitui.   

Para que seja possível esse movimento é necessário que exista o abismo, essa organização em torno do vazio que preserva o mistério, que coloca limites ao que faz parte da ordem do dizível.

A exposição ficará até 06 de agosto.
ATELIER DO PORTO
Tv. Gurupá, 104 (entre Dr. Malcher e Dr. Assis)
Cidade Velha / Belém-PA
Agende sua visita: 30856438 / 983944792

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