domingo, 22 de maio de 2011



Diante dos inúmeros caminhos pelos quais os sentidos são constantemente estimulados, duas cenas emprestam forma e valor imanentes: as Mantas, carnes dependuradas de pirarucu nos antigos açougues do mercado (esses açougues começaram a ser desativados há décadas, mas ainda fiz o registro do último em 1997); as Urnas, herança evidente da ancestralidade indígena ainda presente na prática da cerâmica utilitária. 
Dessa forma, a exposição se desenvolve em eixos independentes, contudo complementares, através de duas séries de trabalhos que exploram as possibilidades da xilogravura em grandes formatos e da escultura em cerâmica: justapostas e dependuradas como em um açougue encontram-se doze Mantas com o tamanho de 100x236 cm cada, impressas sobre lonas preparadas; no centro da sala quatro peças de cerâmica suspensas em estruturas de madeira completam o labirinto. Um conjunto de trabalhos cuja visualidade é determinada a partir de condições específicas de criação e produção: a escultura, através do diálogo com a ancestral tradição da cerâmica utilitária artesanal, cultura característica da região Norte; a xilogravura, que emprega os procedimentos experimentais de impressão da gravura expressionista adaptada a um tema recolhido na paisagem local e de profundo enraizamento com o sentido de ‘lugar’.

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